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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Começam as campanhas a favor e contra a divisão


Muito verde e amarelo, sinal de positivo com o polegar e uma música em ritmo sertanejo que fala de esperança, emancipação e família. Com as digitais do marqueteiro baiano Duda Mendonça, deputados estaduais e federais que defendem a criação dos Estados de Carajás e do Tapajós apresentaram ontem as primeiras peças da campanha pela emancipação das duas regiões. As frentes vão trabalhar em conjunto e o responsável pela estratégia de comunicação que levou Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto será o responsável pela criação das peças. Duda Mendonça disse que não cobrará pelos serviços.
Ao longo de todo o evento, em Belém, os separatistas evitaram os termos divisão e separação. Um dos trechos do jingle que tem letra do próprio Duda Mendonça fala em “um só coração” e em crescer com “um ajudando o outro”. Não por acaso, o mote da campanha será “diga sim aos três Estados, diga sim a essa união”.
O alvo preferencial das mensagens são os eleitores da área que, em caso de divisão, será o Pará remanescente. É nessa região com maioria absoluta da população, que a medida encontra maior resistência.
Além das peças publicitárias, os separatistas apresentaram um estudo coordenado pelo economista Célio Costa. O trabalho não só aposta na viabilidade dos novos Estados, como apresenta dados para convencer de que a separação levará resultados positivos para área remanescente. “O que estamos propondo é desconcentrar a economia do país e a demografia”, disse Costa durante apresentação feita aos jornalistas.

O economista fez comparações entre o Pará e os Estados do Mato Grosso e Goiás que também passaram por processo de separação para dar lugar ao Mato Grosso do Sul e Tocantins, respectivamente.
ELEIÇÃO
No dia 11 de dezembro, os paraenses deverão ir às urnas dizer se desejam a divisão do Pará para criação dos Estados do Tapajós e de Carajás. A formação das frentes está prevista na resolução do Tribunal Superior Eleitoral que regulamenta a o plebiscito. Elas ficarão responsáveis pela arrecadação de recursos e pela coordenação das campanhas.
Sete dos 17 deputados federais do Pará e 18 dos 41 estaduais já estão engajados nas duas frentes que trabalharão pela separação. A campanha começa oficialmente no dia 13 de setembro e, a partir de 11 de novembro, as frentes terão espaço para divulgar as propostas em horário eleitoral gratuito no rádio e TV.

O prazo para registro das frentes termina no dia 2 de setembro. Como ainda há dúvidas sobre detalhes da campanha, será realizada uma audiência pública no próximo dia 5 na sede do Tribunal Regional Eleitoral em Brasília.
LANÇAMENTO
Após o lançamento em Belém, os deputados e o marqueteiro Duda Mendonça seguiram para Santarém, cotada para ser capital do Estado do Tapajós onde houve um evento à tarde. À noite, o lançamento seria em Marabá, apontada como provável capital do Estado de Carajás.
Melhor argumento vai vencer, diz publicitário

Focada na população do Pará remanescente, responsável por 70% dos eleitores do Estado, a frente “Não Carajás” lançou ontem a campanha que pretende convencer os paraenses de que o desmembramento do Pará em mais dois Estados trará prejuízos econômicos e sociais para a população. Com o tema “O Pará ninguém divide”, a frente apostará na apresentação de estudos e dados estatísticos durante a campanha que antecede o plebiscito marcado para o dia 11 de dezembro.

De acordo com o coordenador local da campanha, Sérgio Pimentel, a ideia da frente é mostrar que a divisão trará malefícios para a população mais pobre. “A divisão é fantasiosa. Hoje, o que é necessário é a criação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional”, disse.

INTERESSES

Centrado no discurso do que seria melhor para o povo paraense, ele disse ter interesses particulares envoltos na defesa da separação. “Como eles (políticos) não conseguem controlar o Estado, vêm com essa ideia de dividir. Essa ideia de divisão vem dos políticos que querem se perpetuar no poder”.

Apesar de ser composta, em grande parte, por vereadores da Câmara Municipal de Belém, ele afirma que a frente não está ligada a partidos políticos. “Essa frente é apartidária e servirá para mostrar ao Pará o ônus que acontecerá se o Estado for dividido”.

Para tentar convencer os eleitores paraenses a votarem contra a criação de mais dois Estados a partir do território paraense atual, a frente “Não Carajás”, durante seu lançamento, focou na ideia de que a maior prejudicada com a divisão seria a população do Pará remanescente, além das experiências de outros estados que desistiram da ideia de desmembramento e da opinião de artistas contrários à divisão.

Ao apresentar um vídeo da campanha contra a divisão do Estado da Bahia, Sérgio Pimentel lembrou do desafio que enfrentarão frente à população que é a favor da criação dos Estados de Carajás e do Tapajós: diante de um fundo branco, a cantora baiana Maria Bethânia utilizou, no vídeo, referências culturais da região para destacar a perda com a divisão do território. “Vocês acabaram de assistir um vídeo brilhante de um publicitário também brilhante. Esse texto, que defendia a não divisão da Bahia, é do publicitário Duda Mendonça que, hoje, está defendendo a divisão do Estado do Pará”, argumentou.

Focando sempre na população que faria parte do Estado do Pará, caso dividido, a campanha fez questão de destacar com quem está a maioria dos votos durante o plebiscito. “Porque eles não lançaram a campanha deles em Marabá ou Santarém? Porque eles sabem que quem decide somos nós”, afirmou. “A população tem que se posicionar. Se não mostrarmos os malefícios da divisão para o Estado, o Pará será dividido”.

Pensando nisso, o publicitário voluntário da campanha, Glauco Lima, apostará na questão emocional aliada à racional para perpetuar a ideia da não divisão. “Nossa campanha é a do ‘não’, então vamos trabalhar mostrando que a divisão não é a política mais eficiente”, disse. “Essa é uma campanha de ideias. Quem demonstrar os melhores argumentos, experiências e estudos vai ganhar esse debate”.

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