A rodovia Transamazônica, no trevo que dá acesso ao município de Vitória do Xingu e ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, está fechada desde o começo da manhã de ontem por 3 mil agricultores, representantes de associações e cooperativas rurais de onze municípios da região. Os manifestantes cobram regularização fundiária, políticas sociais, infraestrutura e gestão ambiental na região e exigem a presença do primeiro escalão dos governos federal e estadual em Altamira para negociar uma pauta de reivindicações.
O acampamento montado no local por lideranças da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri) e Fundação Viver, Produzir e Preservar (FVPP) impede o acesso das máquinas e trabalhadores ao canteiro da usina. Uma fila imensa de veículos se formou nos dois sentidos da estrada. A polícia tentou negociar a liberação do tráfego, mas não obteve sucesso. Só quem passava eram pessoas doentes que precisavam de atendimento médico.
O coordenador do movimento, João Batista Uchôa, declarou que a manifestação é pacífica e não protesta contra a construção da hidrelétrica, mas quer chamar a atenção dos governos federal e estadual para a situação que ocorre em Altamira e na região de influência direta da usina. Segundo ele, as obras da hidrelétrica estão a todo vapor, mas a pauta do movimento social que já vem sendo discutida há 20 anos “não consegue avançar”.
Uchôa disse que os governos há muito tempo tratam “com descaso” a região. E citou o programa federal Luz para Todos como exemplo. Somente 40% da área coberta pela rodovia foi até hoje atendida. Outro problema é o asfaltamento. Dentro do Pará, a Transamazônica possui 976 quilômetros entre Marabá e Itaituba, mas desses, apenas 726 quilômetros foram contratados, deixando de fora 250 quilômetros entre os municípios de Medicilândia e Rurópolis. Os trechos contratados estão sendo executados com lentidão, devido a problemas com licenciamento da obra e a retirada de materiais.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário, representado por Marcio Mirata, também marcou presença. Para Márcio a regularização fundiária na região se tornou uma das questões primordiais para amenizar a violência no campo.
Para Paulo Cabral, diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, o ato é uma forma de reivindicar mudanças satisfatórias e também buscar o desenvolvimento da região da transamazônica. “Essa demonstração de força justas para o desenvolvimento sustentável da região é boa. Mostra que todos os esforços não são em vão e que ainda há esperança em dias melhores” declarou.
SEM VERBA
No que diz respeito aos assentamentos rurais, eles não tem licença ambiental, o que impede os clientes da reforma agrária terem acesso aos créditos. Além disso, os mais de 25 mil quilômetros de estradas vicinais e ramais dos 11 municípios da região da Transamazônica e Xingu não têm verba pública destinada para abertura e manutenção, uma vez que os governos não se entendem com relação a responsabilidade dessas estradas.
Os responsáveis pela construção da hidrelétrica informaram que as autoridades paraenses estavam negociando a liberação da rodovia.
Ontem, no início da manhã, cerca de 600 pessoas tomaram o trevo de uma das principais entradas de Altamira, e que dá acesso às cidades de Marabá e mais seis cidades da região e até quem tem de ir a Vitória do Xingu está impedido de seguir viagem. (Diário do Pará)
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